A AIDS, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome), é uma doença do sistema imunológico humano resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana - da sigla em inglês).
A AIDS se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunológico do corpo, com o organismo mais vulnerável ao aparecimento de doenças oportunistas que vão de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado com a presença do vírus HIV no organismo.
O organismo humano reage diariamente aos ataques de bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema imunológico. Muito complexa, essa barreira é composta por milhões de células de diferentes tipos e com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e por manter o corpo funcionando livre de doenças.
Entre as células de defesa do organismo humano estão os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV. São esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante de bactérias, vírus e outros micróbios agressores que entram no corpo humano.
O vírus HIV, dentro do corpo humano, começa a atacar o sistema imunológico ligando-se a um componente da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa começar a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Esse momento geralmente marca o início do tratamento com os medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução do vírus.
Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa.
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, ainda assim, podem transmitir o vírus a outras pessoas
Durante a infecção inicial, uma pessoa pode passar por um breve período doente, com sintomas semelhantes aos da gripe. Normalmente isto é seguido por um período prolongado sem qualquer outro sintoma. À medida que a doença progride, ela interfere mais e mais no sistema imunológico, tornando a pessoa muito mais propensa a ter outros tipos de doenças oportunistas, que geralmente não afetam as pessoas com um sistema imunológico saudável.
O vírus HIV pode ser transmitido das seguintes formas:
Relação sexual
O vírus da Aids pode ser transmitido em toda e qualquer relação sexual – anal, oral e vaginal – com penetração e sem camisinha. O preservativo é necessário do começo ao fim do ato sexual.
Transfusão de sangue
O HIV pode ser transmitido por meio de transfusão de sangue contaminado. É importante exigir sangue com certificado de teste de Aids.
Materiais que perfuram ou cortam a pele
O compartilhamento de seringas, agulhas e outros materiais que perfuram ou cortam a pele é um comportamento de risco para infecção pelo HIV. Se o sangue de uma pessoa contaminada fica no material, o vírus passa para quem usá-lo. É recomendado utilizar sempre materiais descartáveis.
Gravidez e amamentação
A mulher infectada pelo HIV pode passar o vírus para o feto na gravidez, no parto ou durante a amamentação, se não fizer a prevenção da transmissão vertical - da mãe para o filho. Existem medicamentos que podem reduzir a 1% o risco de transmissão do vírus. O exame de sangue e o controle pré-natal desde o começo da gravidez são importantes para proteger o bebê.
O vírus HIV não pode ser transmitido das seguintes formas:
Contato físico
Dividir o mesmo ambiente com alguém que tenha o vírus da Aids, apertar a mão de pessoas infectadas ou trabalhar ao lado delas não oferecem nenhum risco.
Troca de carícias
Beijar ou abraçar uma pessoa que tenha o vírus da Aids ou manifestar outras formas de carinho e atenção a ela não oferecem qualquer risco.
Picada de insetos
Ser picado por um inseto que tenha picado alguém com HIV não representa possibilidade de infecção pelo vírus.
Saliva, lágrima, suor e espirro
O contato com saliva, lágrima, suor ou gotículas expelidas no espirro de alguém com HIV não transmite o HIV.
Banheiro, vaso sanitário, sauna e piscina
Compartilhar com alguém que tenha o vírus espaços como banheiro, vaso sanitário, sauna e piscina não oferece risco.
Copos, pratos e talheres
O compartilhamento de instrumentos e recipientes, como copos, pratos e talheres, não expõe ninguém à infecção pelo HIV.
Diagnóstico
Após receber o diagnóstico da infecção por HIV, o paciente deve marcar ou ser encaminhado para uma consulta com um especialista na área no Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS - SAE mais próximo, onde haverá uma equipe de profissionais, além do médico, para prestar os esclarecimentos e o apoio necessários.
Acompanhamento médico
O acompanhamento médico da infecção pelo HIV é essencial, tanto para quem não apresenta sintomas e não toma remédios (fase assintomática), quanto para quem já exibe algum sinal da doença e segue tratamento com os medicamentos antirretrovirais, fase que os médicos classificam como aids.
Nas consultas regulares, a equipe de saúde precisa avaliar a evolução clínica do paciente. Para isso, solicita os exames necessários e acompanha o tratamento. Tomar os remédios conforme as indicações do médico é fundamental para ter sucesso no tratamento. Isso é ter uma boa adesão.
O uso irregular dos antirretrovirais (má adesão ao tratamento) acelera o processo de resistência do vírus aos medicamentos, por isso, toda e qualquer decisão sobre interrupção ou troca de medicamentos deve ser tomada com o consentimento do médico que faz o acompanhamento do soropositivo. A equipe de saúde está apta a tomar essas decisões e deve ser vista como aliada, pois juntos devem tentar chegar à melhor solução para cada caso.
Exames de rotina
No atendimento inicial, são solicitados os seguintes exames: sangue (hemograma completo), fezes, urina, testes para hepatites B e C, tuberculose, sífilis, dosagem de açúcar e gorduras (glicemia, colesterol e triglicerídeos), avaliação do funcionamento do fígado e rins, além de raios-X do tórax.
Outros dois testes fundamentais para o acompanhamento médico são o de contagem dos linfócitos T CD4+ e o de carga viral (quantidade de HIV que circula no sangue). Eles são cruciais para o profissional decidir o momento mais adequado para iniciar o tratamento ou modificá-lo. Como servem para monitorar a saúde de quem toma os antirretrovirais ou não, o Consenso de Terapia Antirretroviral recomenda que esses exames sejam realizados a cada três ou quatro meses.
Determinada pelo médico, a frequência dos exames e das consultas é essencial para controlar o avanço do HIV no organismo e determina o tratamento mais adequado em cada caso.
Adesão ao tratamento antirretroviral
Aderir ao tratamento para a aids, significa tomar os remédios prescritos pelo médico nos horários corretos, manter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, comparecer ao serviço de saúde nos dias previstos, entre outros cuidados. Quando o paciente não segue todas as recomendações médicas, o HIV, vírus causador da doença, pode ficar resistente aos medicamentos antirretrovirais. E isso diminui as alternativas de tratamento.
Seguir as recomendações médicas parece simples, mas é uma das grandes dificuldades encontradas pelos pacientes, pois interfere diretamente na sua rotina. O paciente deve estar bem informado sobre o progresso do tratamento, o resultado dos testes, os possíveis efeitos colaterais e o que fazer para amenizá-los. Por isso, é preciso alertar ao médico sobre as dificuldades que possam surgir, além de tirar todas as dúvidas e conversar abertamente com a equipe de saúde.
Para facilitar a adesão aos medicamentos, recomenda-se adequar os horários dos remédios à rotina diária. Geralmente os esquecimentos ocorrem nos finais de semana, férias ou outros períodos fora da rotina. Utilizar tabelas, calendários ou despertador, como do telefone celular, facilita lembrar os horários corretos para tomar os remédios. Veja outras dicas que ajudam a manter a adesão.
Apoio social
Atualmente, existem organizações governamentais e não governamentais que podem ajudar o soropositivo a enfrentar suas dificuldades e a lidar com situações de estresse por conta da doença. São duas ações de apoio oferecidas: afetivo-emocional e operacional. O afetivo-emocional inclui atividades voltadas para a atenção, companhia e escuta. Já o operacional ajuda em tarefas domésticas ou em aspectos práticos do próprio tratamento, como acompanhar a pessoa em uma consulta, buscar os medicamentos na unidade de saúde, tomar conta dos filhos nos dias de consulta, entre outras. Ambos fazem com que a pessoa se sinta cuidada, pertencendo a uma rede social.
A troca de experiências entre pessoas que já passaram pelas mesmas vivências e dificuldades no tratamento, também conhecido como ação entre pares, também ajuda a promover a adesão, pois possibilita o compartilhamento de dúvidas e soluções e a emergência de dicas e informações importantes para todos.
O suporte social pode ser dado por familiares, amigos, pessoas de grupo religioso ou integrantes de instituições, profissionais de serviços de saúde e pessoas de organizações da sociedade civil (OSC).
Para quem recebe o diagnóstico de HIV, viver com o preconceito pode ser mais difícil do que viver com o vírus. O preconceito isola as pessoas, dificulta o tratamento e faz muitas outras evitarem o exame, com medo de descobrir se têm ou não o HIV. O apoio da família e dos amigos é essencial, mas a sociedade como um todo precisa despertar para a solidariedade e a garantia dos direitos da pessoa vivendo com HIV/Aids.
O vírus HIV pode ser transmito de diversas maneiras e para cada uma delas é preciso cuidados específicos para que não haja a transmissão. À seguir serão detalhadas as formas de como evitar o contagio em cada caso.
Prevenção no contato sexual
A camisinha ou preservativo continua sendo o método mais eficaz para prevenir muitas doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, a sífilis, a gonorreia e alguns tipos de hepatites em qualquer tipo de relação sexual (anal, oral ou vaginal), seja homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.
Embora o preservativo masculino seja o modelo mais conhecido e de uso mais disseminado, as mulheres também têm a opção de utilizar a camisinha feminina. Seja qual for o modelo, a camisinha deve ser usada do começo até o fim de qualquer relação sexual e nunca utilize o mesmo preservativo mais de uma vez
Prevenção na utilização de materiais perfuro-cortantes
Devido a possibilidade de se transmitir o vírus HIV durante o compartilhamento de objetos perfuro-cortantes, que entrem em contato direto com o sangue, é indicado o uso de objetos descartáveis. Se os instrumentos não forem descartáveis, como lâmina de depilação, navalhas e alicates de unha, é recomendável que se faça uma esterilização simples (fervendo, passando álcool ou água sanitária).
É importante destacar que os objetos cortantes e perfurantes usados em consultórios de dentista, em estúdios de tatuagem e clínicas de acupuntura também correm o risco de estarem contaminados. Portanto, exija e certifique-se que os materiais estão esterilizados e, se são descartáveis, sejam substituídos.
Prevenção no uso de drogas injetáveis
O uso de drogas injetáveis e o compartilhamento de seringas é uma das principais formas de transmissão do vírus HIV. Durante o contato do sangue soropositivo, a seringa é contaminada e a reutilização da seringa por terceiros é também uma forma de contagio do vírus, já que pequenas quantidades de sangue ficam na agulha ou seringa após o uso. Se outra pessoa usar essa agulha ou seringa, esse sangue será injetado na corrente sangüínea da pessoa.
Por isso, os usuários de drogas injetáveis também precisam tomar alguns cuidados: Ter matérias de uso próprio (seringa, agulha, etc) e não compartilhá-los com outros usuários; Não reutilizar as agulhas e seringas; Descartar os instrumentos em local seguro, dentro de uma caixa ou embalagem.
As campanhas para se evitar a contaminação do HIV entre os usuários de drogas injetáveis contam com distribuição de seringas e agulhas esterilizadas.
Prevenção em transfusão de sangue
O contagio de diversas doenças, principalmente do vírus HIV, através da transfusão de sangue e da doação de órgãos tem contribuído para que as instituições de coleta selecionem criteriosamente seus doadores e adotem regras rígidas para testar, transportar, estocar e transfundir o material. Estes procedimentos estão garantindo cada vez mais um número menor de casos de transmissão de doenças através da transfusão de sangue e da doação de órgãos.
Atualmente, apenas pessoas saudáveis e que não façam parte dos grupos de risco para adquirir doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como Hepatites B e C, HIV, Sífilis e Chagas, podem fazer a doação de sangue.
Ainda assim é imprescindível que você, ou seus familiares, se certifiquem, antes de se submeter a transfusão de sangue, de que o sangue e o material hemoderivado foi devidamente testado.
Prevenção da transmissão vertical (gravidez, parto ou amamentação)
É importante que toda mulher grávida faça o teste que identifica a presença do vírus HIV. Se o exame for positivo, a gestante vai receber um tratamento adequado para evitar a transmissão para o filho na hora do parto.
A gestante soropositiva recebe ao longo da gravidez e no momento do parto medicamentos indicados pelo médico. Até as seis primeiras semanas de vida, o recém nascido também deverá fazer uso das drogas.
Como a transmissão do HIV de mãe para filho também pode acontecer durante a amamentação, através do leite materno, será necessário substituir o leito materno por leite artificial ou humano processado em bancos de leite que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.